Qual a diferença entre ter o Vírus da AIDS (HIV) e ser efetivamente o portador da doença?
A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS ou SIDA em português) ocorre quando o sistema de defesa do paciente já foi suficientemente comprometido pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV ou VIH em português). O portador da doença torna-se, então, predisposto a ter doenças oportunistas, sendo a maioria infecções, que promovem muitos danos em indivíduos com seu sistema de defesa comprometido. Quando se contrai o HIV, a pessoa só é portadora do vírus, pois, em média, demoram-se muitos anos para haver um comprometimento do sistema de defesa do portador de HIV. Os portadores do vírus, sem terem ainda a doença, podem ficar muitos anos sem sentirem nada e estarem aparentemente normais, podendo transmitir o vírus para outras pessoas caso não façam o exame e não tenham responsabilidade. Quem já teve pelo menos uma relação sexual sem preservativo, deve realizar o exame de HIV.
Quais são as principais formas de transmissão da doença?
O HIV não é transmitido por suor, lágrima, saliva, urina, fezes, vômito ou escarro. O vírus está presente no sangue, esperma e líquidos corporais internos, como o líquor (“líquido da espinha dorsal”). As vias de transmissão básicas são: a) Qualquer modalidade de atividade sexual sem preservativo, sendo esta a mais comum via de transmissão; B) Compartilhar seringas e agulhas entre usuários de drogas injetáveis, o que é muito pouco frequente no Brasil; C) Quando a mãe portadora do HIV transmite ao filho durante a gestação, também pouco frequente e passível de prevenção durante acompanhamento da gestante; D) Em transfusões de sangue, evento extremamente raro hoje no Brasil e no mundo.
Por que apesar do fácil acesso à informação e a meios de prevenção as pessoas continuam se contaminando?
A maioria das pessoas com vida sexual ativa não aceita bem o preservativo por considerarem que prejudica o prazer sexual. Além disso, é comum considerar que o preservativo (masculino ou feminino) é usado para evitar a gravidez, sendo que as doenças seriam tratadas ou controladas com medicamentos. O tema é complexo e há inúmeros fatores para se manter o comportamento sexual sem proteção, como o alcoolismo, uso de drogas ilícitas, condição socioeconômica da população, entre outros. Muitos até pensam que se se contaminarem com o HIV, é só tratar.
Como o coquetel de medicamentos está aumentando a expectativa de vida entre os portadores da doença?
A princípio, a expectativa de vida tende a não ser a mesma de uma pessoa sadia, mas essa diferença reduziu tanto que com o controle médico regular que não se prevê mais esta expectativa, podendo ser até maior de quem não tem o vírus e não controla sua saúde. Portanto, não se fala mais em expectativa de vida, que pode ser de muitas décadas após o diagnóstico da infecção pelo HIV, desde que o paciente esteja em condições de recuperação, o que depende se a infecção está ou não em fase avançada, além do comprometimento com o tratamento. O “coquetel” é um conjunto de antibióticos que “matam” o vírus permitindo que este pare de destruir o sistema de defesa do paciente. O problema é que o coquetel, a longo prazo, causa efeitos adversos como diabetes, aumento do colesterol e do triglicérides, que podem levar a outras complicações como o infarto agudo do miocárdio. Daí a importância de acompanhamento clínico regular.
Apesar dos atuais recursos para tratamento, que limitações a doença oferece ao doente?
Se o paciente não estiver em tratamento de doença oportunista ou com nenhuma sequela, a vida pessoal, familiar e profissional não tem restrições, exceto a atividade sexual que deve ser sempre com preservativo, independente da modalidade.
RESPONSÁVEL:
Rodrigo Farnetano
Infectologista
CRM: 37024