O assoalho pélvico ou piso pélvico, como o próprio nome indica é um grupo de músculos voluntários e involuntários e ligamentos conectados a estruturas ósseas que se fundem e sustentam os órgãos abdominais e pélvicos. Esta estrutura participa de várias funções do organismo e se conecta a outros grupos musculares do abdômen, das costas e das pernas. Ele forma o períneo e por ele passam ou se sustentam a uretra (canal da urina), a vagina, o útero, o reto e o ânus e impactam a função urinária, sexual e intestinal/fecal.
Evoluímos muito nos últimos 50 anos na compreensão da função urinária e do assoalho pélvico e, hoje, sabemos que a perda urinária (incontinência) aos esforços tão frequente nas mulheres se deve a um enfraquecimento do ligamento pubouretral e do músculo de mesmo nome. Estes estudos mudaram o tratamento cirúrgico da incontinência urinária de esforço, tornando-o um procedimento minimamente invasivo.
Várias disfunções se relacionam também às alterações do assoalho pélvico. Sendo formado de músculos e ligamentos, eles se mantêm saudáveis por meio de um equilíbrio de forças e tônus. Não bastando ter só força muscular, mas função muscular adequada.
A hiperfunção ou hipertonia do assoalho pélvico pode, sabidamente, levar à disfunção sexual e síndromes dolorosas e infecciosas. Entre elas, podemos citar a dor durante a relação sexual, a dores pélvica, vulvar, perineal, a incontinência por urgência miccional, a infecção urinária de repetição, a constipação intestinal ou dificuldade evacuatória.
Quando os músculos estão tensos, impedem a função adequada dos órgãos, como esvaziar bem a bexiga, evacuar sem esforço importante, reter adequadamente a urina, e ter uma relação sexual sem dor e prazeirosa. Levam também a outros sintomas dolorosos por comprimir estruturas importantes e dificultar a irrigação e oxigenação local.
Muito se falou nos últimos anos em flacidez vaginal, que leva a incontinência urinária e fecal, ao prolapso genital (conhecido como queda do útero, da bexiga, do intestino, ou à rotura perineal).
Chamamos a atenção nesta semana em que temos uma data comemorativa para o Dia Mundial da Incontinência Urinária, sobre a importância do equilíbrio das forças musculares que compõe o assoalho pélvico e da sua íntima relação com os órgãos pélvicos, uretra, vagina, bexiga, ânus e reto. É um equilíbrio delicado, que necessita de uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ginecologistas, urologistas, coloproctologistas e fisioterapeutas. A fisioterapia especializada trabalha não só força muscular, mas coordenação e relaxamento e, tem como meta, devolver a função e trabalhar preventivamente nas épocas em que o assoalho pélvico pode entrar em sofrimento, como gravidez, parto e pós-parto.
Esta filosofia de trabalho veio sendo desenvolvida há 28 anos pela equipe de uroginecologia da Rede Mater Dei de Saúde. Focamos na prevenção e na busca de uma qualidade de vida melhor para as nossas pacientes.
Hoje sabemos que as causas das disfunções do assoalho pélvico são inúmeras e se acumulam ao longo da vida da mulher. Desde uma tendência genética de um colágeno menos resistente, passando pelos esforços repetidos ao longo da vida - como forçar a evacuação, exercícios de impacto, tosse crônica, obesidade, as gestações e os partos, menopausa e senilidade que fragilizam o colágeno pélvico feminino.
É de suma importância que as mulheres se conscientizem do que é seu assoalho pélvico, para protegê-lo durante as diversas fases da vida, evitando doenças futuras e obtendo uma melhor qualidade de vida ao longo dos anos.
RESPONSÁVEIS:
Márcia Salvador Géo
Coordenadora das Unidades de Ginecologia, Obstetrícia e de disfunções do assoalho pélvico da Rede Mater Dei de Saúde
Vice-presidente Assistencial e Diretora Clinica da Rede Mater Dei de Saúde
CRM-MG: 20099
Rachel Silviano Brandão Corrêa Lima
Ginecologista e Obstetra e membro da Unidade de disfunções do assoalho pélvico da Rede Mater Dei de Saúde
CRM-MG: 23257