Distúrbios do sono, alterações bruscas no peso corporal, humor flutuante. Muitas dessas questões são explicadas através das ações dos hormônios no organismo. O que são as glândulas e os hormônios e quais funções eles exercem no organismo?
As glândulas são estruturas do organismo responsáveis pela produção de substâncias com funções específicas e importantes. As glândulas endócrinas são aquelas que produzem os hormônios, ou seja, substâncias produzidas em um local do organismo (as glândulas) que, após produzidas, caem na corrente sanguínea e agem em órgãos-alvo, em receptores específicos, produzindo o efeito biológico. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pela glândula chamada pâncreas e que age em diversos órgãos, como o tecido muscular periférico, permitindo a entrada da glicose, para servir de combustível para as células.
Quais são as alterações hormonais mais frequentes?
Todos os sistemas hormonais podem apresentar disfunções, resultando em doenças. As alterações hormonais mais frequentes são as relacionadas ao metabolismo da glicose, que envolve diversos hormônios, principalmente a insulina e o glucagon, ambos produzidos no pâncreas. A alteração desse sistema leva ao diabetes mellitus. Outra alteração hormonal bastante comum é a alteração da função da tireoide, uma glândula situada no pescoço que regula toda a atividade metabólica do organismo. A diminuição da função da tireoide caracteriza o hipotireoidismo, enquanto uma disfunção caracterizada por excesso de atividade de glândula tireoide caracteriza o hipertireoidismo.
Quais os possíveis tratamentos para os males que atingem a tireoide?
No caso do hipotireoidismo, o tratamento consiste na reposição do hormônio tireoidiano, a levotiroxina. O tratamento, quando bem indicado, é importante já que o hipotireoidismo mal controlado pode levar a distúrbios do sono, desânimo, rouquidão, alteração no colesterol, sintomas depressivos, entre outros. Já o hipertireoidismo é tratado, em geral, com o uso de drogas antitireoidianas. Em alguns casos, pode-se optar pelo tratamento definitivo da tireoide com uso de Iodo radioativo, o que, frequentemente, leva a um hipotireoidismo secundário ao tratamento. Quando isso ocorre, o tratamento passa a ser aquele do hipotireoidismo, como explicado. O hipertireoidismo é uma condição potencialmente mais grave, tanto pelo risco de complicações, que podem incluir desde cansaço, taquicardia, ansiedade, sudorese e tremores, até arritmias cardíacas. Assim, por ser uma condição frequentemente de mais difícil tratamento que o hipotireoidismo, pode-se optar pelo tratamento definitivo, mesmo considerando que este tipo de tratamento, que pode ser feito com ingestão de Iodo Radioativo ou por cirurgia, acarreta a possibilidade de passar ao hipotireoidismo, necessitando posteriormente de reposição do hormônio tireoidiano, como explicitado acima.
Problemas hormonais acometem mais mulheres que homens? Por quê?
Não há uma explicação evidente sobre isso, e essa frequência maior depende do sistema hormonal em questão e do tipo de doença. A frequência não é uniforme entre todas as doenças endócrinas.
O câncer de tireoide está entre os tipos mais tratáveis de cânceres. Qual é a incidência desse tipo de câncer no Brasil?
Um nódulo de tireoide palpável no exame físico pode ser diagnosticado em 4 a 7% da população adulta. Quando se consideram séries de autópsia, essa prevalência pode chegar a 50%. Apesar de comuns, apenas 5% do total de nódulos são malignos. O câncer de tireoide tem incidência no Brasil que varia de 0,7 a 10/100.000 habitantes/ano, dependendo do local, da idade da população estudada e do sexo.
Como é feito o diagnóstico e o tratamento do câncer de tireoide?
O diagnóstico é feito através da punção do nódulo tireoidiano, que pode apontar resultado confirmatório ou de alta suspeição. Nesses casos, o paciente é submetido à cirurgia para retirada da glândula e ao exame anatomopatológico da peça cirúrgica para confirmar (ou não) o diagnóstico. O tratamento, em casos confirmados, em geral inclui, além da cirurgia, uma dose de Iodo Radioativo, para eliminar todos os restos da glândula tireoide do organismo, diminuindo assim as chances de recidiva do câncer. De maneira geral, o tratamento do câncer de tireoide tem altas taxas de sucesso.
RESPONSÁVEL:
Rodrigo Nunes Lamounier
Endocrinologista
CRM-MG: 31293