Hepatites virais  - REDE MATER DEI DE SAÚDE

Hepatites virais 

As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes vírus, como o tropismo primário pelo fígado (organismos de vida livre), que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas.
 
A distribuição das hepatites virais é universal, sendo que a magnitude varia de região para região, de acordo com os diferentes agentes etiológicos. No Brasil, esta variação também ocorre.As hepatites virais têm grande importância para a saúde pública e para o indivíduo, pelo número de pessoas atingidas e pela possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas.
 
De acordo com Flávia Cerqueira Massote, patologista clínica do Hospital Mater Dei, a susceptibilidade da doença é universal. A infecção confere imunidade permanente e específica para cada tipo de vírus. “A imunidade conferida pelas vacinas contra a hepatite A e hepatite B é duradoura e específica. Os filhos de mães imunes podem apresentar imunidade passiva e transitória durante os primeiros nove meses de vida”, explica.
 
Segundo a médica, não existe tratamento específico para as formas agudas. Se necessário, apenas tratamento sintomático para náuseas, vômitos e prurido. Como norma geral, recomenda-se repouso relativo até a normalização das aminotransferases (enzimas hepáticas), dieta pobre em gordura e rica em carboidratos é de uso popular, porém seu maior benefício é ser mais agradável ao paladar ao paciente. De forma prática, deve ser recomendado que o próprio paciente defina sua dieta de acordo com seu apetite e aceitação alimentar. “A única restrição está relacionada à ingestão de álcool, que deve ser suspensa por no mínimo seis meses. Medicamentos não devem ser administrados sem a recomendação médica para que não agravem o dano hepático. As drogas consideradas “hepatoprotetoras”, associadas ou não a complexos vitamínicos, não têm nenhum valor terapêutico”, acrescenta Flávia Massote.

As hepatites A e B são imunopreviníveis e estas vacinas fazem parte do calendário do Programa Nacional de Imunização. A vacinação contra hepatite A foi incorporada recentemente ao calendário pediátrico sendo realizada em duas doses a partir de 12 meses de idade. A vacinação universal contra hepatite B é preconizada para os recém-nascidos e adultos  (população menor que 49 anos) e também para grupos populacionais mais vulneráveis, tais como profissionais de saúde, bombeiros, policiais militares, civis e rodoviários envolvidos em atividade de resgate, carcereiros de delegacias e penitenciárias, usuários de drogas injetáveis e inaláveis, portadores de HIV (sintomáticos e assintomáticos), portadores de hepatite C e coletadores de lixo hospitalar e domiciliar, entre outros. Para pacientes imunocomprometidos, com insuficiência renal (fazendo hemodiálise) ou transplantados, o volume de cada dose deve ser dobrado.
 
Não existe contraindicação da administração da vacina na gestação e não há trabalhos demonstrando danos ao feto de mulheres vacinadas na gestação. A vacinação não é contraindicada durante o aleitamento materno, pois a vacina não contém partículas infecciosas do HBV.
 
O HCV e o principal agente etiológico da hepatite crônica, anteriormente denominada hepatite Nao-A-Nao-B. Sua transmissão ocorre principalmente por via parenteral (por outra via que não a digestiva).  São consideradas populações de risco acrescido para a infecção pelo HCV por via parenteral: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993, usuários de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína), pessoas com tatuagem, piercings ou que apresentem outras formas de exposição percutânea (consultórios odontológicos, pedólogos, manicures etc.) que não obedecem às normas de biossegurança).

“A transmissão sexual é pouco frequente – menos de 1% em parceiros estáveis – e ocorre principalmente em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma DST, inclusive o HIV, constitui um importante facilitador dessa transmissão”, explica a médica. A transmissão vertical é rara quando comparada a hepatite B. A croni?cação da doença ocorre em 70% a 85% dos casos, sendo que, em média, de um quarto a um terço destes pode evoluir para formas histológicas graves ou cirrose no período de 20 anos, caso não haja intervenção terapêutica. O restante evolui de forma mais lenta e talvez nunca desenvolva hepatopatia grave. “É importante destacar que a infecção pelo HCV já é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo ocidental”, conclui Flávia Massote.
 
Fonte: Programa Nacional de Hepatites Virais do  Ministério da Saúde
 

RESPONSÁVEL:
Flávia Cerqueira Massote
Patologia Clínica
CRM-MG: 32764