O que é a hiper-hidrose?
A hiper-hidrose é a ocorrência de suor excessivo além do que seria necessário para controlar a temperatura do corpo. É uma condição crônica, de causa desconhecida (primária).
Quais são as regiões do corpo mais atingidas pela doença?
A hiper-hidrose ocorre de forma localizada principalmente nas mãos, axilas e pés. Embora seja incomum, pode acometer outras áreas, também, como por exemplo, o couro cabeludo e a face. A hiper-hidrose focal primária que ocorre nas mãos, axilas e pés é sempre bilateral.
Qualquer pessoa pode desenvolver hiper-hidrose?
Geralmente, a doença nessas partes do corpo surge na infância, adolescência, ou antes, dos 25 anos de idade e costuma persistir ao longo da vida. A sudorese piora com o calor e com estímulos emocionais e cessa à noite, enquanto a pessoa está dormindo. Já a hiper-hidrose crânio-facial costuma surgir após os 30 anos e pode ocorrer no período noturno, quando a pessoa dorme. É comum haver uma história familiar da doença, e se reconhece uma base genética na origem deste distúrbio.
Existe cura para a hiperidrose?
Há várias alternativas terapêuticas para o distúrbio. Os tratamentos atuais incluem: aplicação de sais de alumínio, de corrente elétrica, de toxina botulínica, mais conhecida como botox, medicações e cirurgia. A aplicação tópica de sais de alumínio a 20% pode ser adequada em casos brandos ou moderados de hiper-hidrose, mas normalmente não controla casos graves da doença. A Iontoforese, aplicação de corrente elétrica utilizando um aparelho específico a nível domiciliar, é uma das opções de tratamento, sendo mais efetivo para a hiper-hidrose palmar e plantar. Um aparelho adaptado também pode ser usado para tratar a sudorese nas axilas. Por meio dessa técnica, em torno de 85% dos pacientes sente alívio dos sintomas, sendo que o principal problema relacionado ao método é o tempo gasto nas aplicações, 20 a 30 minutos. A terapêutica com uso de medicações por via oral de agentes anticolinérgicos tem um papel restrito no tratamento, devido ao frequente aparecimento de efeitos colaterais tais como boca seca, visão borrada e retenção urinária. A toxina botulínica tem ação comprovada, porem temporária (cerca de 6 a 8 meses) no controle do excesso de suor e tem sido usada com sucesso. Esse tipo de tratamento consiste em aplicar a substância dentro da pele. O paciente submetido ao método sente dor durante a aplicação, principalmente em áreas sensíveis como nos casos de hiper-hidrose palmar e plantar. Por isso, o tratamento não é tão utilizado. Além da queixa frequente de dor, a fraqueza temporária na musculatura da mão tem sido relatada como efeito colateral da terapia com toxina botulínica. Por muito anos foram utilizadas cirurgias locais no tratamento da hiper-hidrose axilar, tais como curetagem das glândulas sudoríparas, ou excisão da pele contendo as glândulas axilares. Tais procedimentos são acompanhados de uma grande taxa de insucesso, associada com cicatrizes permanentes e risco de limitação dos movimentos do braço. Novos avanços técnicos destes procedimentos com curetagem minimamente invasiva das glândulas têm diminuído as complicações e melhorado os resultados, porém ainda carecem de estudos de longo prazo para uma melhor avaliação.
Como é a cirurgia para a hiperidrose?
Atualmente o método cirúrgico mais usado no tratamento da hiper-hidrose das extremidades é a interrupção da inervação simpática numa cirurgia realizada utilizando técnica vídeoendoscópica chamada simpatectomia. A cirurgia é feita sob anestesia geral, que dura cerca de 30 minutos. Através de orifícios de 5mm e 3mm na parede torácica, o cirurgião introduz uma câmera de vídeo e instrumentos, realizando uma divisão ou colocação de clips (clipagem) em locais apropriados da cadeia nervosa simpática dentro do tórax. A eficácia do procedimento é alta com índices de 98% no alívio dos sintomas. O principal fator limitante ao uso mais indiscriminado da cirurgia é o frequente aparecimento de efeitos colaterais, em especial a sudorese compensatória. A sudorese compensatória é o aumento de suor em áreas que a pessoa não suava antes da cirurgia, como as costas, a barriga, as pernas e, menos frequentemente, a virilha e as nádegas.
RESPONSÁVEL:
Marcelo Juntolli
Cirurgião torácico
CRM-MG: 20807