As causas da infertilidade conjugal são divididas em fatores masculinos e femininos e podem andar em conjunto ou separados. O fator masculino é responsável, isoladamente, por aproximadamente 35% das causas da dificuldade para engravidar em um casal e em 20% das vezes associa-se com um transtorno feminino
A coordenadora do Centro de Repdrodução Humana da Rede Mater Dei de Saúde, a médica Rívia Lamaita, explica um pouco mais sobre o assunto.
Quais as principais causas da Infertilidade Masculina?
A varicocele é a mais comum das causas tratáveis de infertilidade masculina, sendo identificada em quase 40% dos homens investigados e com dificuldades para engravidar. Outra causa importante, presente em aproximadamente 20% dos homens inférteis, seria a obstrução de ductos ejaculatórios. Pode ser classificada como congênita ou adquirida, levando ou a presença de uma quantidade muito baixa de espermatozoides no ejaculado ou a ausência deles. A infertilidade masculina pode ainda estar relacionada a distúrbios sexuais como a anejaculação, disfunção erétil e a ejaculação retrógrada ou precoce, ou pode apresentar causas de origem imunológica ou endócrina. Mesmo assim, quase 23% dos homens com alterações no espermograma não apresentarão uma causa aparente para o problema encontrado.
Como é feito o diagnóstico?
A investigação do fator masculino deve ser objetiva e direcionada, visando a otimização de tempo e recursos. É feita através da coleta minuciosa do histórico clínico (anamnese), exame físico realizado pelo Urologista para avaliar alterações do trato genital masculino, e principalmente pela análise seminal (espermograma). Outros exames laboratoriais podem ser necessários dependendo de situações especiais e orientados por achados de anamnese, exame físico e análise seminal. Podemos citar as dosagens hormonais, a avaliação genética, as provas de função espermática, a avaliação da integridade do DNA, exames específicos de imagem e ainda a biópsia testicular.
Qual o melhor tratamento?
O tratamento varia conforme a causa esclarecida. Pode-se tentar o tratamento cirúrgico da varicocele, uso de medicamentos antioxidantes ou estimuladores para a produção espermática. Mais comumente o casal caminhará para tratamentos de reprodução assistida que farão uma melhora direta do sêmen desde o processamento da amostra para inseminação intrauterina até a fertilização in vitro utilizando a injeção intracitoplasmática dos espermatozoides. Há casos que irão necessitar do uso de banco de doadores de sêmen.
A idade interfere na fertilidade masculina?
Apesar de não apresentar o mesmo impacto como no fator feminino, a idade interfere sim na fertilidade masculina. Isso porque a espermatogênese pode cair progressivamente a partir dos 55 anos de idade. Com a idade, a população de células produtoras de testosterona e de espermatozoides diminuem, levando a uma queda na produção e maturação dos gametas masculinos, interferindo na fertilidade do homem.
Qual a relação dos hormônios masculinos com a produção de espermatozoides?
Eles apresentam relação tanto com as disfunções sexuais (libido, distúrbios eréteis), como na produção e maturação dos espermatozoides.
Atualmente, uma parcela de jovens e adultos faz uso constante de grandes dosagens de anabolizantes. O consumo indiscriminado dessas substâncias pode trazer problemas de fertilidade?
O uso de esteroides anabolizantes pode causar a infertilidade tanto em homens como em mulheres. A testosterona sintética, estando em níveis muito acima do normal no organismo, inibem a produção de FSH pelo sistema nervoso central, hormônio responsável pela maturação das células reprodutivas, gerando um bloqueio na produção de espermatozoides. Se for usado por um período prolongado pode levar à ausência completa na sua produção, às vezes de forma irreversível. É importante lembrar também outros importantes riscos na saúde devido ao uso indiscriminado dessa droga, como doenças hepáticas e câncer no fígado.
O que o homem pode fazer para evitar a infertilidade?
Mudanças no estilo de vida, adotando hábitos de vida saudáveis, evitando o contato com substâncias químicas relacionadas a infertilidade masculina sem a orientação médica adequada, fazer exames periódicos com o urologista e ficar atento aos sintomas relacionados ao trato genital, bem como aos sinais hereditários de infertilidade masculina. Essas mudanças sempre relacionam-se com uma repercussão positiva na saúde e, consequentemente, na fertilidade masculina.
RESPONSÁVEL:
Rívia Mara Lamaita
Ginecologia e obstetrícia
CRM-MG: 28859