Dra. Márcia Salvador Géo, Dr. Bruno Mello Rodrigues dos Santos e Dr. Dr. Renato Beluco Corradi Fonseca
A Cirurgia robótica, inicialmente idealizada para o cirurgião atender a feridos de guerra à distância, acabou se disseminando como técnica minimamente invasiva para cirurgias pélvicas. Inicialmente, houve uma grande aceitação na Urologia, mais logo a Ginecologia, Cirurgia Geral e Coloproctologia também se renderam às vantagens do acesso robótico e, recentemente, outras especialidades como a cirurgia torácica se beneficiaram do método.
Robô Da Vinci
O robô Da Vinci da empresa Intuitive Surgical, é o robô mais utilizado no mundo, presente em 66 países. Desde o lançamento do Da Vinci, foram lançadas 4 gerações de robôs e mais de 5 milhões de procedimentos realizados. A visão em 3D e a alta definição das imagens, aliada a pinças com articulação que mimetizam o pulso humano, são pontos importantes para maior precisão e flexibilidade na realização de cirurgias. A curva de aprendizado presumivelmente mais curta, é outro diferencial que explica o sucesso da cirurgia robótica. Quando comparada à laparoscopia pura, a cirurgia robótica por ser mais intuitiva, permite o aprendizado por cirurgiões com pouca ou nenhuma experiência em laparoscopia, e diminui a variabilidade de resultados em procedimentos minimamente invasivos.
O sistema de certificação em cirurgia robótica, que inclui horas de treinamento em simulador, certificação externa e depois um número de cirurgias acompanhados por um cirurgião mais experiente no método, serviu de exemplo e poderá ser aplicado a outras formas de ensino em especialidades cirúrgicas.
Em época de inteligência artificial, Big Data e outras evoluções digitais, o uso de uma plataforma que já estabeleça a interação entre cirurgião e máquina, além de ter potencial para coleta e análise de dados perioperatórios, pode ser o primeiro passo para termos, no futuro, sistemas mais interativos e autônomos.
Custos e regulamentação
Não são somente vantagens, entretanto, quando se fala em robótica. O alto custo de aquisição e manutenção da plataforma e dos insumos, além do custo de formação e retenção de mão-de-obra especializada nessa tecnologia, fazem com que a conta da robótica nem sempre feche. O ganho indireto e por vezes intangível das instituições, muitas vezes é o que as estimula a investir nessa tecnologia.
A não regulamentação por parte da ANS dos atos cirúrgicos assistidos por robôs, dificultam o acesso da maioria dos pacientes a essa tecnologia. A carência de estudos comparativos também dificulta o entendimento sobre a necessidade de inclusão desse tipo de cirurgia no rol de procedimentos da ANS.
Enfim, a cirurgia robótica tem vantagens inegáveis e é aceita no mundo com indícios de uma melhor experiência pelos pacientes e pelos cirurgiões, mas tem a melhorar o desfecho cirúrgico em várias especialidades. A regulamentação do uso, bem como a melhoria no acesso a esse tipo de plataforma, são necessários para a disseminação da tecnologia no setor.
Texto publicado originalmente no site da Central dos Hospitais
Dra. Márcia Salvador Géo | Vice-Presidente da Central dos Hospitais (Sindhomg) e Vice-Presidente Assistencial e Operacional da Rede Mater Dei de Saúde
Dr. Bruno Mello Rodrigues dos Santos e Dr. Dr. Renato Beluco Corradi Fonseca | Urologistas Coordenadores do Serviço de Cirurgia robótica da Rede Mater Dei de Saúde
Publicado em: 17/03/2020
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