A cefaleia, sensação de dor na cabeça, é um dos incômodos mais comuns sentidos pelas pessoas. Ao longo da vida, 93% dos homens e 99% das mulheres sentem dor de cabeça, ao menos uma vez. Um problema enfrentado todos os meses por 76% das mulheres e 57% dos homens. Trata-se de uma verdadeira epidemia, com impactos sociais e econômicos de grandes proporções. Ela é uma das principais causas de abstenção ao trabalho no mundo, e os indivíduos que sofrem de cefaleia cronicamente são mais propensos aos transtornos de ansiedade e depressão. O tratamento desta patologia é, muitas vezes, desafiador e boa parte da população acaba usando analgésicos de forma abusiva, ficando dependente destas medicações que, de forma paradoxal, são combustíveis para que a dor se torne, progressivamente, mais frequente.
Mas, antes de condenarmos a cefaleia, precisamos entender por que sentimos dor. Se um indivíduo pisa em um prego, ele terá consciência disto graças à dor. Se uma pessoa sofre um infarto do coração ou tem um AVC, pelo rompimento de um aneurisma no cérebro, a consciência de que algo grave está acontecendo ocorre graças à dor. Esta sensação ruim e desagradável é vital para a sobrevivência humana, porque serve de alerta para nos informar que podemos estar em perigo.
Por isso, quando uma pessoa sente dor de cabeça, é importante uma avaliação para checar se esta dor não é um alerta para algum problema mais sério. Uma cefaleia aguda pode significar uma sinusite, uma meningite, um aneurisma cerebral, um coágulo na cabeça ou mesmo o primeiro sintoma de um tumor cerebral. Se simplesmente tratarmos a dor, sem descartarmos os sinais de alerta, podemos deixar de descobrir um problema grave, no momento em que o tratamento poderia ser mais eficiente.
Os sinais de alerta que devem, sempre, fazer com que a pessoa busque um atendimento médico imediato são: pior dor de cabeça da vida, dor nova ou diferente das anteriores, febre, dificuldade de enxergar, dificuldade de falar, confusão mental, dificuldade de movimento, dormência localizada, primeira crise após os 50 anos, início com exercício físico, atividade sexual ou tosse, presença de vômitos.
Mesmo quem tenha diagnóstico de enxaqueca ou de cefaleia crônica, se apresentar um destes sinais de alerta, deve buscar um pronto atendimento.
Por algumas razões, muitos indivíduos passam a sentir dor de cabeça de forma recorrente, sem que haja qualquer agressão acontecendo em seu corpo. É o caso da enxaqueca e da cefaleia tensional. Nestes casos, o acompanhamento ambulatorial com um neurologista é fundamental, para a identificação dos fatores predisponentes ou desencadeantes da dor, e que seja feito um tratamento profilático, buscando-se evitar que a cefaleia recorra. O uso de analgésicos deve ser restrito a crises pontuais, porque o abuso da medicação traz uma série de danos ao paciente, deixando-o cada vez mais vulnerável a própria dor.
Por fim, vale ressaltar o quanto a qualidade de vida é importante no tratamento e prevenção das cefaleias crônicas. Dormir bem, se alimentar adequadamente, praticar atividade física e trabalhar para que o estresse do dia a dia não nos desestabilize, são atitudes fundamentais para que possamos ter uma vida harmônica e com menos dor.
RESPONSÁVEL:
Gustavo Daher Vieira de Moraes Barros
Coordenador do Serviço de Neurologia do Mater Dei Contorno
CRM-MG: 40745
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