Entre as enfermidades que acometem os idosos, certamente as que comprometem as funções intelectuais estão entre as que provocam maior sofrimento. É angustiante ver um membro da família perder sua autonomia e independência, tornando-se incapaz de reconhecer até as fisionomias mais queridas. A demência é uma dessas doenças que trazem a perda da qualidade de vida para o idoso e sofrimento para a família.
A psicogeriatra da Rede Mater Dei de Saúde Tammy Amaral explica que “a demência é uma síndrome caracterizada por declínio adquirido e progressivo das funções cognitivas, incluindo memória, linguagem, capacidade motora e de reconhecimento”. A doença é grave o bastante para interferir no desempenho das atividades mais comuns e na qualidade de vida do indivíduo, podendo estar associada a alterações de personalidade e comportamento.
Considerando a Doença de Alzheimer, causa mais comum das demências, os primeiros sinais de alerta são episódios aparentemente inocentes de falha da memória, como esquecer o telefone de casa, repetir várias vezes a mesma pergunta e esquecer um compromisso marcado. “Na fase inicial, surgem episódios de desorientação espacial, especialmente em lugares desconhecidos, podendo ocorrer alterações na orientação temporal bem como alterações de comportamento”, alerta a especialista.
Com o tempo aumenta a dificuldade de executar tarefas como dirigir, encontrar o caminho de casa e os sintomas apresentados anteriormente são agravados. A apatia também se manifesta e pode tornar-se mais significativa. Quanto mais cedo a doença se instalar, mais rápida costuma ser a evolução. Na fase final, a memória antiga já estará bastante prejudicada ou totalmente comprometida. A capacidade de reconhecer pessoas antes tão estimadas, o estado de apatia e o confinamento ao leito são características desse estágio da demência, quando o paciente torna-se completamente dependente.
A especialista ressalta que frequentemente quadros depressivos podem ocorrer juntamente a quadros demenciais e que é muito comum a presença de déficits cognitivos em decorrência de um transtorno depressivo, mas que podem melhorar com o tratamento deste. O tratamento da demência é mais eficaz quanto mais precoce for o diagnóstico. “É importante lembrar que o objetivo da terapêutica é retardar a evolução da demência, preservando por mais tempo as funções intelectuais, mas não se pode falar em cura”, explica Tammy Amaral. A maioria das demências é irreversível. Mas, apesar de os quadros irreversíveis representarem cerca de 90% dos quadros demenciais, 10% destes são potencialmente reversíveis quando tratadas suas causas primárias.
O principal meio de prevenir as demências é controlar os fatores de risco modificáveis como hipertensão, diabetes, obesidade, sedentarismo e tabagismo. Estimulação cognitiva e exercícios de raciocínio que mantenham o cérebro em atividade também são aconselhados.
RESPONSÁVEL:
Tammy Amaral
Psicogeriatra
CRM-MG: 45605