O que é otosclerose?
A otosclerose é uma doença hereditária, degenerativa do osso que forma o ouvido interno, levando à fixação de um ossículo do ouvido médio chamado estribo e dificultando a transmissão do som. O estribo é originalmente móvel e o seu movimento transmite o som para o ouvido interno. Quando ele se fixa, há perda de audição. A doença se manifesta em duas fases: a primeira é chamada de Otospongiose (o osso está imaturo, não está fixado) e a segunda é a Otosclerose propriamente dita (o osso está maduro e já se fixou). A doença pode também afetar isoladamente a cóclea (porção do ouvido interno que contém terminações nervosas responsáveis pela audição). Nesse caso, é chamada de Otosclerose Coclear.
Quais são as causas da doença?
A causa é um distúrbio no metabolismo do flúor/cálcio. Ocorre em pessoas da mesma família, com prevalência para o sexo feminino após a puberdade.
Quais são os sintomas da otosclerose?
O sintoma principal da otosclerose é perda de audição uni ou bilateral progressiva, zumbidos e raramente tonturas.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito pela história clínica e exames complementares, como a audiometria (tipo de exame que mede a quantidade de audição), cujo resultado pode ser hipoacusia de condução (dificuldade do som de chegar ao ouvido interno) ou hipoacusia neurossensorial (quando a doença afeta o ouvido interno). A impedanciometria (exame que serve para saber se o estribo está ou não fixo) mostra uma curva tipo “AS” com ausência do reflexo do estribo, indicando um sistema tímpano ossicular rígido, ou seja, a alteração no exame indica que o estribo está fixado. Em alguns casos, quando suspeita-se de Otosclerose Coclear, é necessário o exame do ouvido pela tomografia computadorizada.
Como é o tratamento?
O tratamento depende da fase da doença. Na fase otospongiótica o tratamento é clínico utilizando flúor e cálcio e na fase otosclerótica é cirúrgico (estapedectomia ou estapedotomia). Naqueles casos em que está contraindicado a cirurgia, devem-se prescrever os aparelhos de audição denominados “aparelhos de amplificação sonora individual” (AASI).
A cirurgia é sempre necessária nos casos de otosclerose? Quais podem ser os riscos da cirurgia?
Deve-se sempre, em casos de otosclerose, indicar o tratamento cirúrgico, exceto na situação citada acima. A cirurgia é feita com anestesia local e sedação. Nas mãos de um cirurgião experiente, as complicações são raras e giram em torno de 1%. As principais são: perda total da audição, perda parcial da audição (hipoacusia neuro - sensorial afeta o ouvido interno), crises labirínticas com tonturas náuseas e vômitos, perfuração timpânica, zumbido residual e até paralisia facial.
Há formas de prevenção? Quais?
Existem trabalhos mostrando que o uso pré-puberal de flúor/cálcio pode evitar ou minimizar a doença. Em crianças que moram em cidades nas quais a água é tratada com flúor ou quando se faz fluoretação nos dentes, deve-se tomar cuidado para não provocar uma hiperfluorose que pode trazer complicações desagradáveis.
Esse tema foi sugerido por Maria Altair Fonseca Carvalho, leitora do Jornal Mater Dei.
RESPONSÁVEL:
Humberto Guimarães
Otorrinolaringologista
CRM-MG: 4180