Fantasmas que nos assombram - REDE MATER DEI DE SAÚDE

Fantasmas que nos assombram

Os cânceres matam milhares de brasileiros todos os anos. Muitos não dão qualquer sinal até chegar à fase avançada, dificultando ou até mesmo impossibilitando a cura

 
Henrique Moraes Salvador Silva
Presidente da Rede Mater Dei de Saúde
 

Eles matam milhares de brasileiros todo ano e rondam as pessoas como verdadeiros fantasmas. O medo de um câncer tem elemento extra: muitos não dão qualquer sinal e, quando se mostram, já estão em fase avançada, algumas vezes impossibilitando até mesmo as tentativas de cura. Na corrida contra o tempo e pela vida, médicos lançam mão do rastreamento para detectar a presença de determinada doença em paciente assintomático em certos tipos de tumores. Mas outros se desenvolvem tão rápido que nem permitem a ação preventiva.

“A maioria dos tumores é silenciosa e, como não conseguimos detectá-los de forma precoce, fazemos o rastreamento. Caso dos tumores de mama, que conseguimos perceber antes que sejam clinicamente evidentes para o médico e o paciente”, explica o oncologista do Instituto Mário Penna Ellias Magalhães. Outro que merece atenção é o melanoma, o mais perigoso tipo de câncer de pele (5% deles). A maioria absoluta dos tumores dessa região do corpo são preveníveis com o uso de protetor solar e evitando exposição excessiva ao sol. Já a lesão maligna pode surgir na pele, nas membranas mucosas, nos olhos e no sistema nervoso central, com grande risco de produzir metástases e com altas taxas de mortalidade nos estágios mais avançados.

Os melanomas podem se apresentar sob a forma de manchas ou nódulos. Em geral, se desenvolvem sobre uma pinta preexistente. Assim, é necessário, principalmente pessoas de pele e olhos claros, que têm mais propensão ao câncer de pele, ir ao dermatologista para detectar lesões mais precoces e, sendo preciso, retirá-las.

Outros tumores também têm exames preventivos. O câncer de mama e o de colo do útero têm alguns dos métodos mais populares – a mamografia, indicada para mulheres acima dos 40 anos, e o papanicolau, respectivamente. O de próstata é controlado pelo exame de toque e pelo PSA (análise de sangue). O de cólon, que começa como uma lesão benigna no intestino grosso e vai evoluindo lentamente até se transformar num tumor maligno, tem como arma a colonoscopia. Ellias Magalhães explica, no entanto, que, para ser prevenível, é necessário que a doença tenha prevalência grande na população. “Caso contrário, por serem mais raros, teríamos que fazer muitos exames, em muita gente, usar muito dinheiro e não resultaria em queda da mortalidade”, afirma.

SORTE Graças ao rastreamento, de 70% a 80% das pacientes têm o câncer de mama e 70% o de colo de útero detectáveis na fase curável, índice que se eleva para 90% no caso de tumor de próstata, segundo o médico. Já 30% dos doentes com câncer de cólon chegam aos consultórios na fase avançada. “Não é possível fazer preventivo para certos tumores, como leucemia e linfoma, que se desenvolvem muito rápido. Também não há evidência na literatura de que o paciente se beneficia da prevenção no tumor de ovário, a não ser que tenha histórico familiar. Usualmente, é descoberto também em estágio mais evoluído”, diz.

O oncologista ressalta que, à exceção dos seis tipos de câncer preveníveis e que, por isso, reduzem a mortalidade, o restante é, principalmente, sorte. Mas, no futuro, há expectativa de se conseguir prevenir um número maior de cânceres, à medida que a medicina caminha para o entendimento maior da genética dos tumores em geral, aplicando esses estudos às famílias dos pacientes. “Estamos conseguindo estabelecer mais laços entre câncer e hereditariedade e, assim, poderemos rastrear os genes na família antes de ele dar sinais”, diz. “Cem por cento dos cânceres são alterações genéticas, mas nem sempre são hereditárias. Nosso desafio é encontrar os indivíduos com carga genética que predispõem ao câncer. O panorama tende a mudar num futuro próximo.”
 
  1.  Procedimento adequado

Estar sempre um passo à frente de uma das maiores causas de mortalidade é desafio. Por isso, cada vez mais, médicos lançam mão de exames que permitem diagnosticar o câncer de mama antes de ele ser palpável e detectado pelos profissionais. No Brasil e no mundo, esse tumor é o mais incidente entre as mulheres, respondendo por 22% dos novos casos a cada ano e, quanto mais precoce é diagnosticado, maior a chance de cura. Técnicas minuciosas permitem atualmente detectar a doença antes de ela avançar e individualizar o tratamento das pacientes, determinando o procedimento mais adequado com base no tipo de tumor instalado.

O presidente da Rede Mater Dei de Saúde, o mastologista Henrique Salvador, explica sobre o câncer de mama subclínico e as técnicas para diagnosticá-lo. “Hoje, com os exames de prevenção que existem, principalmente a mamografia, há possibilidade de se detectar antes de ele ser palpável. A tomografia também melhorou muito a sensibilidade. Antes, era feita com técnicas que dificultavam a detecção de operações muito iniciais numa mama. Hoje, equipamentos digitais e outros dispositivos que podem ser usados junto com a mamografia ajudam muito”, afirma.

Um deles é a tomossíntese, indicado para mamas mais densas. Por meio de cortes seriados milimétricos do tecido mamário, ela aumenta a sensibilidade e a acuracidade na detecção de tumores iniciais da mama. Ressonância nuclear magnética das mamas e ultrassom são outros tipos de exames que podem ser associados à mamografia para se fazer um diagnóstico precoce, em situações especiais, para um aprimoramento maior na pesquisa clínica.

“Outra questão importante é como você lida com essas alterações que são detectadas. Como não são palpáveis e não se consegue pegar, é difícil retirar o tecido e fazer exame (biópsia). Hoje, há técnicas que fazem a localização pré-operatória”, relata. Ultrassom, mamografia ou ressonância permitem localizar os tumores antes da cirurgia e orientar os médicos, dando a certeza se a lesão foi ou não retirada. Uma técnica usada é a mamotomia, a biópsia da mama, por meio da qual se introduz uma sonda para tirar material que será analisado para verificar se é maligno ou benigno. “Há muitas técnicas para lidar com esse câncer subclínico da mama. É um avanço na detecção e tratamento das lesões”, afirma Henrique Salvador.

VERTENTES O mastologista ressalta que outro lado que se procura trabalhar é o conhecimento maior de cada tipo de câncer para ver qual o tratamento mais adequado depois de diagnosticada a doença. “Há exames que analisam os gens do tumor e dizem se determinada paciente pode se beneficiar de uma quimioterapia. É um tratamento necessário muitas vezes, mas tem efeitos colaterais. Começa-se a avaliar qual é o custo/benefício para determinado exame desse”, diz. Segundo o médico, é uma forma de individualizar o tratamento das mulheres. “Retira-se parte do tumor e faz-se análise dos gens. A depender da combinação dos resultados, fica-se sabendo se precisa da quimioterapia ou qual o tratamento mais indicado.”

O presidente do Mater Dei destaca que o tratamento do câncer de mama tem três grandes vertentes: cirurgia de mama e axila; radioterapia (aplicação de raios-x na mama); e tratamento medicamentoso (cada vez mais individualizado para se saber qual tipo é recomendado para cada paciente). “Não é uma doença única que acomete de maneira igual todas as mulheres. São muitas doenças debaixo desse guarda-chuva chamado câncer de mama.”


Reproduzido conforme original do Jornal Estado de Minas (página 07 - caderno especial - 13.08.17)

Publicado em: 14/08/2017

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