A campanha Maio Roxo busca conscientizar a população sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), e foi criada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). A campanha acontece anualmente com um importante alerta sobre a prevenção, diagnóstico precoce e o conhecimento sobre diversas doenças imunomediadas (que se manifestam quando o sistema de defesa, conhecido como sistema imunológico ataca células saudáveis do próprio corpo), que nos últimos anos acomete cada vez mais pessoas, principalmente jovens.
Como forma de apoio à campanha, a Rede Mater Dei de Saúde iluminou a fachada de seus três hospitais de roxo, cor que simboliza a data, durante toda a semana.
O aumento das doenças inflamatórias intestinais na população jovem devido aos hábitos alimentares e estilo de vida é um fator preocupante que evidencia a importância da conscientização proporcionada durante o mês de maio. As DIIs são doenças controladas por meio de acompanhamento e tratamento médico, e não possuem cura. As mais conhecidas e prevalentes são a doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. No entanto, existem outras duas formas raras de apresentação de doença inflamatória intestinal, que são a Colite de Colagem e a Colite Linfocítica.
O denominador comum entre elas é que, além de causar um processo inflamatório no intestino de natureza crônica, elas não têm agente causador estabelecido.
De acordo com o Conselho Nacional de Saúde, além das Doenças Inflamatórias Intestinais, o Maio Roxo também traz reflexões sobre Espondilite Anquilosante, Fibromialgia, Lúpus Eritematoso sistêmico, além de ser o mês panamericano de conscientização das doenças reumáticas.
Diante da importância de se manter informado sobre a prevenção, causas, sintomas, diagnóstico precoce e tratamentos das doenças inflamatórias intestinais, o médico Eduardo Vilela, coordenador do Serviço de Gastroenterologista da Rede Mater Dei de Saúde, esclarece as principais dúvidas sobre essa doença. Confira:
O que é a doença de Crohn?
É uma das formas de apresentação da Doença Inflamatória Intestinal. A doença de Crohn, assim como as outras, é uma doença crônica, de caráter recorrente, mas, que tem suas peculiaridades em relação às demais doenças inflamatórias intestinais.
Umas das especificidades da doença de Crohn é que ela pode acometer o indivíduo em qualquer sítio do trato gastrointestinal, desde a boca até o anus. Outra particularidade é o caráter transmural da doença que pode acometer toda a parede do intestino.
Quais os principais sintomas?
A doença de Crohn se manifesta clinicamente por meio de dor abdominal e diarreia, enquanto a Retocolite Ulcerativa se manifesta por meio de diarreia com sangue.
Como prevenir as DIIs?
Não há dados sobre como prevenir as doenças inflamatórias intestinais, elas possuem um caráter multifatorial. Isso significa que vários componentes podem ser responsáveis pelo acometimento da doença como: componente genético, ambiental, componente associado à flora microbiota intestinal e ao tipo de resposta imunológica que o paciente desenvolve, essa resposta tende a ser mais exacerbada.
Portanto, uma doença que tem vários fatores associados a sua origem faz com que ainda não consigamos entender como prevenir as doenças que causam a inflamação no intestino.
A alimentação influencia na prevenção das Doenças Inflamatórias Intestinais?
Apesar de não ser possível definir meios de prevenir as DIIs, sabe-se que a alimentação exerce grande influência na saúde em geral. Sobre a importância da alimentação na vida de pacientes com Doença Inflamatória Intestinal, Eduardo Vilela reforça:
“A alimentação exerce um papel epidemiológico no momento da prevalência dessas doenças. Inclusive em países orientais na medida que eles estão assumindo o padrão alimentar industrializado do mundo ocidental. Então, nós sabemos que existe uma importância da dieta na fisiopatologia da doença.
O mais importante é o paciente saber que uma dieta saudável vai ser boa para o indivíduo como um todo, e ela pode também ser boa para a saúde intestinal. Mas fazermos uma recomendação específica de que determinado tipo de dieta vai ter um papel na prevenção da doença é um conceito que ainda não podemos segmentar”
As DIIs podem ser hereditárias?
Existe um componente hereditário, mas não é determinante. As doenças inflamatórias intestinais não são frutos de uma herança mendeliana simples, são um polimorfismo.
O principal polimorfismo inclusive não está presente entre 30% a 40% dos pacientes. Logo, existe uma chance maior de uma parente de primeiro grau ter a doença, mas essa chance não faz, por exemplo, que seja necessário realizar o rastreamento nos parentes de primeiro grau.
Isso reforça mais uma vez que a doença tem múltiplos fatores e que um fator isoladamente não é determinante para o aparecimento da doença.
Como as doenças inflamatórias intestinais são diagnosticadas?
Por não ter um fator causador único, não há um exame específico. O diagnóstico das doenças inflamatórias é feito a partir de dados clínicos, laboratoriais, radiológicos, endoscópicos e histológicos.
Sobre o papel da histologia no diagnóstico, o médico destaca que “um dado importante sobre esses achados histológicos é que, na maioria das vezes, eles nos ajudam muito em afastar outras doenças. Eles não vão ter dados específicos para falar que o paciente tem uma doença inflamatória intestinal. Reforça, mas o mais importante é nós trabalharmos nesses cinco itens, pois isso fará com que nós consigamos estabelecer o diagnóstico de maneira assertiva.”
Quais são os possíveis tratamentos?
O tratamento das doenças inflamatórias intestinais tem ganhado muito em seu arsenal. Principalmente nos últimos dez a vinte anos com a introdução da terapia biológica.
No entanto, pode-se iniciar o tratamento com medicamentos do tipo corticóide e/ou derivados do ácido amino salicílico e passar para imunossupressores convencionais. A recomendação de bula da terapia biológica no Brasil, é que não se deve fazer a terapia biológica antes da terapia convencional.
Pacientes portadores de DIIs têm maiores chances de acometimento por câncer colorretal?
Esse é um importante questionamento, porém, não é necessário que os portadores da doença inflamatória intestinal se sintam amedrontados. Sabe-se que tanto a Retocolite Ulcerativa quanto a Doença de Crohn podem aumentar a chance de câncer colorretal quando elas acometem o intestino grosso além do Sigmóide. Logo, o paciente só tem esse risco aumentado caso tenha uma extensão maior da doença no intestino grosso.
Eduardo Vilela complementa que “na Retocolite Ulcerativa onde os dados já são mais robustos, essa prevalência pode chegar em torno de 7,5% ao longo de vinte a trinta anos de doença. Mas o mais importante é que hoje nós temos o conceito que a medida que controlamos mais o processo inflamatório, conseguimos diminuir essa incidência do câncer colorretal que é a grande preocupação dos pacientes com Crohn e Retocolite. Sobre as outras duas formas mais raras, não há dados de que elas se associam a aumento de câncer colorretal.”
O que fazer para conviver melhor com as DIIs?
Diante o diagnóstico de uma doença crônica, muitos pacientes procuram saber como conviver melhor mesmo com os impactos da enfermidade. Para os pacientes acometidos pela DIIs, o médico gastroenterologista destaca que “são doenças crônicas de caráter recorrente que impactam na qualidade de vida e que geram morbidades a longo prazo. Portanto, a aderência ao tratamento é uma pedra angular se o paciente quiser viver melhor com a doença e evitar as complicações, os danos estruturais do intestino e a disfuncionalidade intestinal a longo prazo.”
Atendimento especializado e humanizado para você ficar bem
O Centro de Infusão da Rede Mater Dei de Saúde também é indicado para pessoas com doenças gastrointestinais. Localizado no Mais Saúde Mater Dei, e disponível na unidade Mater Dei Betim-Contagem, trata-se de um centro de terapia assistida destinada a pacientes que necessitam de tratamento mediante medicação intravenosa, intramuscular ou subcutânea, que age em pontos específicos do sistema imunológico.
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