Dra. Daniela Pagliari
Diretora técnica da Rede Mater Dei de Saúde
O tromboembolismo venoso é uma doença silenciosa com alta prevalência entre pacientes hospitalizados. Na grande maioria das vezes ela não causa nenhum sintoma e passa despercebida. Quando se manifesta do ponto de vista clínico ela é grave e leva à morte rapidamente. É a principalmente causa de morte em pacientes hospitalizados e que pode ser prevenida com medidas simples e acessíveis a todos.
O risco de um paciente que é hospitalizado desenvolver tromboembolismo venoso varia de acordo com as características individuais de cada um, associadas com os motivos da internação e a realização ou não de procedimentos cirúrgicos. Dessa forma, garantir a realização de forma adequada dessa profilaxia é um grande desafio pois pressupõe garantir que cada paciente receba o remédio na dose adequada de acordo com seu risco de desenvolver tromboembolismo durante toda a sua internação hospitalar.
A profilaxia do tromboembolismo venoso pode ser feita com estímulo à deambulação, o uso de medicamento oral, subcutâneo ou com o compressor mecânico pneumático. Para que um paciente esteja protegido, ele deve usar os medicamentos ou receber os compressores pneumáticos ajustados para seu risco em cada dia da internação.
Atualmente a doença afeta 10 milhões de pacientes por ano nos hospitais americanos. Como estratégia de conscientização, foi criado o World Trombosis Day em 2014 pela International Society on Thrombosis and Haemostasis que é celebrado no dia 13 de outubro. O objetivo é incrementar medidas de prevenção, incentivar os sistemas de saúde a criar e fomentar estratégias para garantir as melhores práticas em prevenção, diagnóstico e tratamento dos casos de trombose.
A fim de criar estratégias para prevenir a trombose, a Rede Mater Dei de Saúde conta com um protocolo gerenciado desde 2009. Após várias mudanças e alterações em sistema de gestão, conseguimos informatizar o protocolo e desde 2015 os resultados de adequação da profilaxia foram progressivamente crescendo em um processo de melhoria contínua. Nos pacientes clínicos essa taxa era de 58% em 2015, alcançou 65% em 2016, chegando a 81% em 2017. Já no paciente cirúrgico, era de 68% em 2015, foi de 85% em 2016, estando em 88% atualmente.
No Brasil, as taxas de adequação em pacientes clínicos giram em torno de 59% e nos cirúrgicos de 46%. Em escala global, esses índices são de 40% e 59% respectivamente (ENDORSE Study Lancet, 2008).
Ter uma alta taxa de adequação no protocolo de tromboembolismo venoso é um indicador de qualidade assistencial importante. Conseguir monitorar todos os pacientes que permanecem mais de 24h internados para o risco de tromboembolismo e garantir que eles recebam as orientações e tratamentos adequados é fruto de um trabalho árduo de governança clínica. A adesão do corpo clínico é imprescindível para a conquista desse resultado e o apoio da alta direção é fundamental para que isso ocorra.
Para nós da Rede Mater Dei de Saúde, ser o primeiro hospital do Brasil a receber a validação de Boas Práticas para Prevenção de Tromboembolismo Venoso baseada no guia do AHRQ (Agency for Healthcare Research and Quality) pelo Instituto Brasileiro de Segurança do Paciente é motivo de muita celebração, pois é mais uma das evidências de que construímos, diariamente, o nosso compromisso com a qualidade pela vida.
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