Obesidade mórbida  - REDE MATER DEI DE SAÚDE

Obesidade mórbida 

O endocrinologista do Hospital Mater Dei Rodrigo Lamounier tira dúvidas sobre a obesidade mórbida. 
 

Qual é a prevalência da obesidade mórbida no Brasil?
No Brasil, estima-se que entre 0,5 a 1% da população tenha obesidade grau III, ou obesidade mórbida. Este número, entretanto, já foi muito menor. Desde a década de 70 até hoje, estima-se que o número de obesos mórbidos no Brasil aumentou 255%. Nos Estados Unidos a prevalência de obesidade grau III hoje é de 4,7% da população.
 
Qual é a diferença entre a obesidade comum e a obesidade mórbida? Quais são os níveis de obesidade?
Obesidade é o excesso de peso pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. A obesidade é classificada de acordo com o grau de excesso no peso. O método mais amplamente aceito e utilizado como medida, usado na classificação da obesidade, é o índice de massa corporal (IMC), que é a relação matemática entre o peso corporal e a estatura. Considera-se como obesidade o IMC maior ou igual a 30 Kg/m2. A classificação da obesidade é feita da seguinte forma: Grau I: IMC entre 30 e 34,9; Grau II: IMC entre 35 e 39,9 e Grau III: (obesidade mórbida): IMC acima de 40.

Como é feito o cálculo do IMC?
O IMC é obtido pelo peso (em quilogramas) divido pela altura (em metros) elevada ao quadrado (IMC= Peso (kg)/ Altura(m)2).
 
Que fatores podem levar uma pessoa a se tornar obesa mórbida?
A maioria dos casos o problema é resultante de múltiplas causas, incluindo predisposição genética, aspectos sociais e de comportamento. Esses fatores se combinam em grau diferente, levando à obesidade mórbida. Casos determinados pela genética, por mutações em genes definidos, chamados obesidade monogênica, por exemplo, existem e são menos comuns. Para a grande maioria dos obesos, o que ocorre é uma combinação de tendência genética, com hábitos de vida e fatores socioambientais e familiares.
 
Que riscos de saúde o obeso mórbido corre?
O obeso mórbido tem aumento de risco e mortalidade geral, em relação aos não obesos, ou seja, vivem menos e por diversas causas. O excesso de peso aumenta o risco de várias doenças, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, sedentarismo e depressão. Além disso, pessoas com IMC acima de 40 tem maior risco de terem apneia de sono e problemas osteoarticulares.
 
O termo
Sim. A obesidade é considerado uma doença, e a obesidade mórbida, uma doença grave com sérias repercussões para o organismo, para o indivíduo e sua saúde, com grande impacto não apenas na qualidade, como também na duração da vida. Sem falar no impacto na vida pessoal e social da pessoa, como redução da mobilidade, autonomia e autocuidado, dificuldade no uso de transporte público, rejeição e preconceito por parte da sociedade, entre outras coisas. Muitas das pessoas com obesidade grau III, ou obesidade mórbida ficam recolhidas em casa, afastadas do convívio social.
 
Um obeso mórbido pode emagrecer o suficiente para atingir um peso saudável apenas com dietas e mudança de hábitos ou a única saída seria o uso de remédios ou procedimentos cirúrgicos?
Sim, pode. Mas não é frequente. De maneira geral, a obesidade é uma condição de difícil tratamento. O sucesso depende de mudança de hábitos e comportamentos da pessoa, o que, muitas vezes, é bastante difícil e interage também com as relações das pessoas, sejam sociais, sejam na família. Recentemente, um estudo americano mostrou que do ponto de vista demográfico, em uma rede social (por exemplo, uma cidade), a obesidade tende a se distribuir em um padrão semelhante ao de uma doença infecciosa, tendendo a formar “clusters”, a se agrupar. É bastante difícil mudar isso, mas não impossível. O uso de medicamentos pode ajudar, mas o impacto da cirurgia bariátrica no tratamento desses pacientes com IMC acima de 40 é inegável. 10 anos após o início do tratamento, a maioria dos pacientes que se submeteram à cirurgia mantém peso significativamente menor que antes do início do tratamento, o que é observado em menos de 5% daqueles tratados apenas com dieta, atividade física e medicamentos.
 
Quais são os riscos da realização de cirurgias para redução de peso no caso de obesos mórbidos?
Os riscos, primeiramente, são aqueles de qualquer procedimento cirúrgico em uma pessoa com obesidade mórbida, dependendo também da presença de outros fatores que podem influenciar nesse risco: hipertensão, problemas de coração, diabetes, idade etc. Hoje em dia, na maioria dos casos, a cirurgia é feita por vídeo laparoscopia e é bastante segura, do ponto de vista do risco cirúrgico, sendo raras as complicações agudas. O cuidado mais importante é no seguimento de longo prazo, já que a cirurgia bariátrica pode predispor o indivíduo a deficiências nutricionais, tanto de micro e macro nutrientes, além de outros problemas que podem acontecer e que precisam ser cuidados, como alcoolismo, distúrbios de comportamento, transtornos alimentares, anemia, osteoporose etc. Mas mesmo assim, quando bem indicada e com um bom acompanhamento de longo prazo, o procedimento cirúrgico pode melhorar muito a vida de um obeso mórbido, inclusive ressocializando a pessoa.
 
O uso de remédios para emagrecer também pode trazer riscos?
Sem dúvida. Tudo em medicina implica riscos, e naturalmente, o uso de medicamentos também. Quando bem indicados, com critérios, esclarecimentos e acompanhamento clínico, os medicamentos são, sim, aliados no tratamento da obesidade.
 
RESPONSÁVEL:
Rodrigo Lamounier
Endocrinologista
CRM-MG:  31293
 

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