Zika Vírus  - REDE MATER DEI DE SAÚDE

Zika Vírus 

Em 2015, houve um aumento considerável do número de casos de microcefalia em recém-nascidos, principalmente, na região Nordeste, em especial no estado de Pernambuco, que despertou grande atenção por parte das autoridades de saúde, gerando uma busca pela etiologia e estudo dos casos. A partir disso, houve uma suspeita da relação causal entre a infecção pelo vírus Zika e microcefalia.
 
A infecção pelo vírus Zika é uma doença, na maioria das vezes, autolimitada, não sendo associada a complicações. Estima-se que a maioria dos casos (80%) é assintomática. Pode cursar com febre baixa (menor que 38,5º), com duração em torno de um a dois dias, exantema máculopapular (manchas vermelhas) no 1º ou 2º dia, prurido (coceira), dor nas articulações, dor muscular, dor de cabeça, conjuntivite, vermelhidão nos olhos e, menos frequente, tosse, dor de garganta e alteração gastrointestinal, como vômitos. Em geral, os sintomas desaparecem entre três a sete dias após o início. Formas graves, podendo evoluir para óbito são raras. Afeta tanto homens quanto mulheres em todas as faixas etárias. Na gestante, pode ocasionar a microcefalia no feto, o que vem gerando grande preocupação. Por isso, em novembro de 2015, o Ministério da Saúde declarou o evento como uma Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional – Espin.
 
As gestantes podem ser infectadas pelo Zika vírus em qualquer trimestre da gestação. Não há nenhuma evidência de que as gestantes são mais susceptíveis à infecção pelo Zika ou que têm uma tendência ao desenvolvimento de quadro clínico mais graves, quando comparado às não gestantes. E a grande preocupação é pela possibilidade do acometimento do sistema nervoso central do feto.
 
A microcefalia é uma malformação congênita, caracterizada por um perímetro cefálico menor que o esperado, devido a um desenvolvimento inadequado do cérebro, o que gera grande impacto na qualidade de vida da criança e dos seus familiares. Nem toda microcefalia é acompanhada por alteração no desenvolvimento da criança. No entanto, a maioria dos casos resulta em um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e cognitivo, sendo que a intensidade dessas varia de acordo com o grau de acometimento cerebral. O comprometimento cognitivo ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo que em alguns, podem haver também alteração na visão e audição.
 
A principal forma de transmissão do vírus Zika é por meio da picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo transmissor da Dengue e da Chikungunya. A identificação do vírus Zika na urina, leite materno, sêmen e saliva não significa que ocorra a transmissão do vírus para outra pessoa, por meio dessas vias. O fato do vírus estar presente nessas secreções é importante para o diagnóstico da doença.
 
Assim, a prevenção da doença consiste no combate ao mosquito Aedes aegypti (o vetor do vírus Zika), eliminando possíveis criadouros do mosquito, limpeza dos terrenos e descarte apropriado do lixo. Além disso, devem realizar a prevenção à picada do mosquito, com a utilização de telas de proteção em janelas, mosquiteiros, uso de roupas compridas, deixando a menor quantidade de área de pele exposta e com o uso do repelente. O uso de repelentes naturais como à base de citronela, óleo de cravo, entre outros, ainda não possuem comprovação científica de eficácia. Os princípios ativos dos repelentes, aprovados pela Agência Nacional de Vigilância à Saúde – Anvisa, são icaridina, DEET e o IR3535.
 
Pacientes grávidas ou que desejam engravidar devem evitar áreas com maior incidência do Aedes aegypti, evitando viagens para área endêmicas. Pacientes que apresentarem suspeita de infecção pelo Zika como febre, rash cutâneo, conjuntivite, coceira pelo corpo, dor articular devem procurar uma unidade de saúde o mais rápido. A presença de uma doença exantemática durante a gravidez, não necessariamente significa a doença pelo vírus Zika e nem que isso irá ocasionar a microcefalia no feto. Diante de uma suspeita de infecção pelo Zika, a paciente deverá ser submetida a exames laboratoriais para diagnóstico da infecção. A detecção do vírus no sangue é possível no período de quatro a sete dias após o início dos sintomas. O recomendado é a realização do exame de sangue, idealmente, até o 5º dia do aparecimento dos sintomas. O diagnóstico até o momento é feito pela identificação do vírus, por meio do exame de PCR (reação em cadeia da polimerase).
 
Se confirmada a infecção pelo Zika vírus na gestante, essa paciente é considerada sob risco de ter um feto com alterações no sistema nervoso central, como a microcefalia, devendo então ter um acompanhamento pré-natal mais rigoroso, com a realização de exames ultrassonográficos mais detalhados. Caso a ultrassonografia mostre alterações no sistema nervoso central do feto ou a microcefalia (feto com circunferência craniana menor que dois desvios padrões para a idade gestacional), esse feto será considerado como um caso de infecção pelo Zika vírus. Os critérios de confirmação de microcefalia relacionados ao Zika vírus são: caso de feto com alterações no sistema nervoso central sugestivas de infecção ou microcefalia identificada ao ultrassom. E relato de doença exantemática na mãe durante a gestação, com a exclusão de outras possíveis causas infecciosas ou não.
 
Ainda não há nenhuma forma de tratamento ou vacina para o vírus Zika. Até o momento, não há evidência que a imunidade conferida pela infecção pelo vírus Zika seja permanente. Portanto, deve haver um diálogo aberto entre os profissionais da área de saúde e as mulheres e casais que desejam engravidar sobre os riscos da infecção desse vírus durante a gravidez. Esses casais devem receber orientações sobre a prevenção da doença.



RESPONSÁVEIS:
Ana Márcia de Miranda Cota
Ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana
CRM-MG: 35386


Posts Relacionados

06 Novembro 2020

Gestante recebe alta após 24 dias...

Histórias de superação têm sido cada vez mais visíveis durante a pandemia do novo Coronavírus, principalmente de pessoas que conseguiram vencer a doença e se recuperarem com poucas ou nenhuma sequela.